Dias de chuva

Posted: terça-feira, 27 de abril de 2010




Outro dia vi uma senhora, + ou - 40 anos, parada no passeio, debaixo de um verdadeiro pé d’água. Atrás dela um grande muro, ou seja, nem uma portinha para entrar, poste para esconder ou árvore para subir.

Na rua uma poça de uns 3 metros de comprimento e mais 2 do meio fio pra rua.

E lá estava a senhora, de sandália, tão solitária naquele momento quanto Tom Hanks em “O Náufrago”, segurando o seu bravo guarda chuva (tão companheiro quanto “Wilson”, só que muito mais prestativo), dançando um frenético frevo da salvação - guarda chuva pra cima pra se proteger da chuva, guarda chuva pra baixo para se proteger da poça, pra cima e pra baixo, foi assim que ela fez, pra cima e pra baixo, foi assim que ela fez.

E lá ficou por um tempo, até que criou coragem e com mais vontade que o Cesar Cielo saltando para uma prova de 50 metros, ela encarou a poça, pisando no meio, afundando até a canela e levantando água até o joelho, que outrora lutou para mantê-lo seco.

Chegou tão rápido ao outro lado da rua, que nem sei se foi nadando ou correndo. Parecia o Usain Bolt atravessando o Canal da Mancha.

Cena empolgante. O rosto molhado e suado, o sorriso indisfarçável da vitória. Os olhos ainda correndo de um lado para o outro como se estivesse procurando uma bandeira para dar a volta olímpica. Quase aplaudi de onde estava.

Um momento único.

Só não entendi duas coisas: se a  poça só tinha 3 metros de largura e ela estava no meio, por que ela não andou 2 metros para qualquer um dos lados e acabou logo com aquele sofrimento. E se a mulher sabia que ia chover, por que saiu de sandália? Claro que vai molhar os “didãs” com água suja da rua e claro que vai dar bicheira entre eles.

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