ODE aos Diretores de Arte.

Posted: terça-feira, 1 de março de 2011


Estou refazendo o meu portifólio, mas para a minha infelicidade sou redator e logo dependo de diretores de arte para dar corpo às ideias. Sou um redator até fácil de lidar, quando crio algo, aceito sugestões, alterações e normalmente já passo a ideia com a imagem que imagino, facilitando a vida do "dupla" (mais tarde falaremos sobre a falsidade dessa expressão).

O problema dos Diretores de Arte é o nome do cargo que ocupam. Se tornam diretores rápido demais. Os pais não cansam de dizer para os amigos que o filho mal começou na carreira e já é diretor, e de  arte ainda, ou seja, é um artista que manda: talento, arte e responsabilidade, tudo numa pessoa só. Para os amigos, ele é um cara estiloso, diferente, usa tenis amarelo com meia roxa, ousado demais, quanta criatividade.  São especialistas em fotografias, filmes e corpos femininos, abrem as Plaboys e determinam: "isso é photoshop, deram um "blur" aqui, aumentaram os seios dela, na real, ela ao vivo nem é grandes coisas".

Por isso, quando alguém pede para marcar um layout ou fazer uma alteração eles demoram ou se sentem tão ofendidos, afinal são DIRETORES, fazem as coisas quando querem e julgam necessário. Têm um sentimento de patente latenjante correndo pelas veias, só obedecem ordem manifestadamente de um superior ou quebram o galho de pessoas iguais (que são poucos, pouquíssimos): "quer que eu marque, fale para o DIRETOR de criação pedir. Quer que eu altere, que o DIRETOR de Atendimento solicite por escrito".

Por isso sou contra a nomeclatura "dupla" para uma equipe formada por um redator e um DIRETOR de arte. É como pegar um soldado e um cabo e dizer: vcs vão trabalhar juntos, terão a mesma responsabilidade. O cabo manda meu caro, é o dono da patrulha, o cara da patente, olha o ombro dele e veja se é igual ao do soldado. Nunca.

Nunca serão.